Cronologia

 1969   Crise académica em Coimbra. Uma corrente revolucionária desenvolve-se, impulsionada por Francisco Sardo e João Cabral Fernandes, em alternativa às correntes dominantes na esquerda estudantil. É criado o Centro de Estudos Socio-Políticos, ligado à AACC, que publica em 1970 partes do Tratado de Economia Marxista de Ernest Mandel. Francisco Sardo vai a Paris e assiste a um comício da Liga Comunista.

 1970-1971   Cabral Fernandes participa na Direcção Académica. Edição do Programa de Transição, de Trotski.

 1971   Viagem a França de Cabral Fernandes e Jorge Novais. Contacto com o OCI (lambertista) e com a LCR (reunião com Daniel Bensaid e Alain Krivine). Os delegados portugueses decidem estabelecer relações com a LCR. Em Novembro, Cabral Fernandes e Falcão instalam-se em Lisboa.

 1972   Criação dos Grupos de Acção Comunista em Lisboa (Cabral Fernandes), Porto (Francisco Sardo, Manuel Resende, que vem da OCMLP) e Coimbra (Marinho da Silva). Início da publicação de materiais clandestinos (panfletos, Toupeira Vermelha, para o sector estudantil, mais tarde o Luta Proletária). Primeiras reuniões da Coordenadora dos GAC a partir de Março.

 1972   Os Grupos de Acção Comunista já desenvolvem uma ampla actividade. Em Lisboa (Cabral Fernandes, João Alcântara, o médico José Falcão, Afonso Costa, António Gomes, Alfredo Frade, José Manuel Boavida, Cláudio Cavaco, Carlos Cordeiro e outros, como um grupo de militantes cabo-verdianos, nomeadamente um dos dirigentes do PAIGC em Portugal, Faustino) centram a sua intervenção na luta anti-colonial. No Porto (com Sardo, Manuel Resende, Francisco Monteiro da Silva e Ferreira dos Santos) desenvolve-se agitação orientada para algumas fábricas. Os panfletos assinados “Que Fazer?” são distribuídos em Coimbra. A União Operária Revolucionária, UOR, nascera de uma cisão na LCI no Porto (Francisco Vale, Heitor de Sousa, António Brandão, Adelino Fortunato) e intervem na região, tanto em zonas operárias como no movimento estudantil.

 1973   O GAC de Lisboa instala uma casa clandestina para edição de propaganda em Paço de Arcos. Afonso Costa, profissional do grupo, é o seu responsável. Um outro aparelho clandestino estava instalado numa casa na Malveira. Em Abril é distribuido o primeiro panfleto nacional, assinado “União Operária”.

 1973   Na véspera do 1º de Maio, são presos numa distribuição clandestina Alfredo Frade, José Manuel Boavida e António Gomes, escapando João Cabral Frenandes que estava no carro de apoio. São levados para Caxias e submetidos a torturas. António Gomes só viria a ser libertado cerca de dois meses depois.

 1973   Setembro-Outubro: Cabral Fernandes e Falcão vão a Paris contactar a LCR. Nesse verão, tinham igualmente viajado Carlos Cordeiro, Francisco Louçã e outros activistas liceais.

 1973   Dezembro: os três Grupos de Acção Comunista regionais reunem-se na Conferência de Fundação da LCI, em S. Bernardino (Peniche), em casa de Manuel Cavaco. Assistem à conferência dois delegados da Internacional, Michael Lowy, filósofo francês de origem judia brasileira, e Paco Robs, então responsável dos contactos da LCR francesa com o Estado Espanhol. O CC eleito inclui Cabral Fernandes, João Alcântara e Faustino por Lisboa, Francisco Sardo e Ferreira dos Santos pelo Porto e Carlos Queirós por Coimbra.

 1974   Congresso da IV Internacional. Cabral Fernandes está presente. Desenvolve-se então um conflito interno na LCI sobre a atitude a tomar acerca dos movimentos de libertação das colónias portuguesas. Quando ocorre o 25 de Abril, a situação interna é caracterizada pela existência de duas fracções de facto, sendo a maioria da direcção detida por Francisco Sardo, por um voto, graças ao apoio do representante de Coimbra.

 1974   Abril. Derrube da ditadura. Intervenção activa da LCI. Os dirigentes do Porto decidem a unificação com a UOR, que se realiza imediatamente. Com a mediação de delegados da Internacional (Charles-André Udry) a ruptura nacional é evitada, a composição do Comité Central reformulada e restabelecido um funcionamento centralizado mas com ampla autonomia para cada região.

 1974   Maio: realização de dois grandes comícios (Voz do Operário onde intervem Ernest Mandel, e Coliseu, onde intervem Francisco Sardo).

 1975   Abril. A LCI, já legalizada, concorre só a cinco círculos eleitorais. Obtém 11000 votos.

 1975   Agosto. Depois de um longo período de extremo activismo mas também de conflitos internos – dadas as divergências não resolvidas do período anterior à queda da ditadura – realiza-se o IIº Congresso da LCI. A maioria é obtida por uma tendência dirigida por Francisco Vale. A LCI adere então à FUR (Frente de Unidade Revolucionária, que inclui o MES, o PRP e a LUAR) numa perspectiva de apoio ao governo provisório contra o Grupo dos Nove.

 1975   Agosto: a minoria da LCI lança os SUV, Soldados Unidos Vencerão, (Ferreira Fernandes, Manuel Resende, Pedro Fernandes, José Carvalho e, no sector civil anti-militarista, Heitor de Sousa). Este movimento animará manifestações de largos milhares de soldados e torna-se um factor de polarização da vida nacional.

 1975   Novembro. Perante o golpe militar, e numa situação interna extrema, a LCI reage. É editado o nº 19 do Luta Proletária, o único jornal distribuído em Lisboa no dia 26 de Novembro, desafiando a proibição imposta pelos vencedores do golpe.

 1976   Janeiro. IIIº Congresso da LCI, no Porto. A maioria é alterada, com a composição de uma nova direcção (Cabral Fernandes, António Brandão, Francisco Louçã, Alfredo Frade, Heitor de Sousa), faz-se a auto-crítica do episódio FUR e estabelece-se uma nova orientação política.

 1976   Abril. A LCI concorre às eleições. O seu tempo de antena é suspenso por decisão do Conselho da Revolução por ter sido emitida uma crítica ao militarismo. A resposta generalizada – com a colaboração de Zeca Afonso e de muitos intelectuais e sindicalistas – força o CR a rever a sua posição e a retirar a suspensão.

 1978   Congresso de fusão com o PRT, criando-se o PSR e o novo jornal, Combate Operário. A LCI incorporava já um grupo de militantes provindo do PRT (José Sintra e outros) e de outras tradições trotskistas (Luís Zuzarte e outros).

 1979   Cisão com o antigo PRT. O PSR mantém-se como continuidade da LCI. Nas eleições gerais, Cabral Fernandes fica a dois mil votos de ser eleito em Lisboa, o PSR tem o melhor resultado até então, com cerca de 60.000 votos.

 1983   O PSR participa nas eleições em aliança com a UDP, sem resultados.

 1985   Depois de um período de recuo organizativo, o PSR recomeça a tomar a iniciativa através de um campanha anti-militarista de longo fôlego dirigida para a juventude.

 1987   Participação nas eleições europeias com colaboração de independentes (Eduarda Dionísio, Jorge Silva Melo) e lançamento de uma nova fórmula do Combate desenvolvendo essa colaboração.

 1988   O PSR organiza o protesto contra a presença de Pinochet. Tachos e panelas acordaram o ditador no Guincho.

 1989   José Carvalho, então membro do Secretariado do PSR, é assassinado em frente à sede do PSR durante um ataque de neo-nazis. Dois anos depois, Pedro Grilo, o assassino, seria condenado por todas as instâncias jurídicas, bem como alguns dos seus cúmplices. Ver vídeo.

 1989   O PSR organiza as manifestações contra a presença de Le Pen.

 1991   O PSR fica a cerca de 200 votos de eleger Francisco Louçã por Lisboa e obtém 65.000 votos, sendo então o sexto partido nacional e o terceiro na esquerda. Em Novembro o Grupo de Trabalho Homossexual começa a funcionar. Em Maio seguinte, na Comuna, perante 150 pessoas apresenta o seu manifesto: “A ousadia de quem sabe o que quer”.

 1993   Manuel Graça, dirigente sindical do calçado e do CC do PSR, é eleito para a direcção nacional da CGTP. O PSR apresenta-se às eleições autárquicas para as Assembleia Municipais, em 16 concelhos do país, com 634 candidatos e candidatas, além de participar na coligação de esquerda em Lisboa, onde elege três deputados municipais. A campanha é silenciada pela comunicação social.

 1994   Helena Lopes da Silva é primeira candidata às eleições europeias. A campanha do PSR é a única que promove sessões públicas em dezenas de cidades do país.

 1995   O PSR obtém cerca de cerca de 38.000 votos nas eleições legislativas, resistindo ao voto útil contra a direita. Em Maio organiza um barco à mesma hora em que o PCP e o PS se juntam aos convidados do casamento de Duarte Pio: “A república vai de largo”.

 1996   O Grupo de Mulheres do PSR organiza o 8 de Março na Praça da Figueira, em Lisboa. Depois de muitos anos, é a primeira comemoração de rua, nesta data.

 1997   Eleições autárquicas. O PSR participa em Lisboa e Porto nas “Esquerdas Unidas”, em coligação com a Política XXI, elegendo um deputado municipal na capital e obtendo cerca de 10.000 votos para a Assembleia Municipal. Em Amarante elege um deputado municipal.

 1998   Comemorando o seu 25º aniversário, o PSR promove um debate, no Hotel Roma, com Alain Krivine, Fernando Rosas e João Cabral Fernandes.

 1999   Fevereiro. O XI Congresso do PSR, decide por maioria, a participação no processo de constituição do Bloco de Esquerda, formalmente constituído em Abril. O PSR abdica assim de qualquer intervenção pública própria. Nesse ano, eleições europeias e a campanha contra a intervenção da NATO na Bósnia, testam a nova formação política. Nas eleições legislativas, o Bloco elege dois deputados por Lisboa e obtém mais de 132.000 votos.

 2003   O XIII Congresso do PSR, em Fevereiro, estabelece o partido como corrente interna dentro do Bloco. No Verão, o PSR organiza em S. Gião, o 20º acampamento de Jovens Revolucionários da IVª Internacional. No Inverno já tinha organizado a primeira Escola de Formação desta fase, na Tocha.

 2004  O XIV Congresso do PSR decide a transformação do partido em associação política, a APSR, que continuará a ser uma corrente política no Bloco de Esquerda. (Ver resoluções dos Congressos da APSR).

 2013  O XIX Congresso da APSR decide o fim da atividade da associação como corrente interna, convidando os associados a integrarem a nova corrente bloquista “Socialismo” e passa a dedicar a sua atividade à promoção das Edições Combate.