Engenheiro industrial, economista, jornalista, ensaísta e político nascido em 1932, Martins Pereira publicou um livro que ficou célebre antes do 25 de Abril, “Pensar Portugal Hoje”. A seguir à Revolução, acompanhou as nacionalizações no 4º Governo provisório e publicou várias obras de referência para a análise da sociedade e da política portuguesa após esse período. João Martins Pereira foi secretário de Estado da Indústria do 4º Governo provisório, com o ministro João Cravinho, e colaborou com a gestão das nacionalizações. Demitiu-se em divergência com a política do governo e a sua incapacidade de criar um novo impulso económico em resposta à crise desses anos. Publicou muitos outros livros, como «O socialismo, a transição e o caso português»,«Indústria, ideologia e quotidiano» e, mais recentemente, «À esquerda do possível» (1993, editado com João Paulo Cotrim e Francisco Louçã). O seu último livro foi um contributo importante para a história da indústria portuguesa («Para a História da indústria em Portugal», 2005). Colaborador do jornal “Combate” desde o fim dos anos 80, foi um dos convidados da Convenção fundadora do Bloco de Esquerda, em que fez uma das intervenções de fundo. Tendo em Jean Paul Sartre uma das influências mais marcantes, a partir dele elaborou um marxismo heterodoxo, culto, informado de toda a dissidência e da radicalidade revolucionária do pensamento socialista. Propôs modelos e políticas da transição para o socialismo, e foi provavelmente o único marxista português a fazê-lo de modo consistente. Faleceu em 2008, em Lisboa.
Página dedicada à obra de João Martins Pereira